sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O trem




O trem das quatro passou, tão veloz, nem pude ver sua fumaça.

De tanta dor, viveu fugindo e se julgou incapaz, não fez por merecer, pecou até não poder mais. Era covarde o bastante pra assumir que é tarde demais, mais um trem passou, o próximo ele jurou não deixar escapar. Ele chegou, o trem das 11, ele o pegou e nem se quer olhou para trás, nem se quer acenou, para quem chegou até aqui, não tinha nada do que levar adiante, não é mais um mero menino, e enquanto faz por si, sua vida, deixa para trás os sonhos, a esperança de ser o bem, mas tanto faz, o fim será o mesmo, tudo que nasce morre, e quando morre algo novo nasce, para o fim retornou, esperando renascer, em um outro lugar, e partiu o trem, lentamente, para uma viagem longa. No fim ele soube perdoar a todos e esperava ser perdoado, e um dia talvez retornará. Ele chegou até aqui, e ergueu a cabeça, bateu no peito e disse, "será somente desta vez".